sexta-feira, 5 de julho de 2013

As Lições de Karl Lagerfeld, o Estilista Mais Famoso do Mundo

As Lições de Karl Lagerfeld, o Estilista Mais Famoso do Mundo

Ele tem quase 80 anos, é o diretor criativo da Chanel, a clássica grife francesa criada por Coco Chanel, cria coleções para a italiana Fendi e é dono de sua própria marca. É conhecido no mundo da moda como o “Kaiser”, palavra alemã para imperador, e nem pensa em escrever suas memórias ou se aposentar, porque, bem, ele tem planos e esbanja energia para executá-los. Desenha catorze coleções por ano demonstrando ter conhecimento e fôlego para fazer tudo isto. Ele não para!

Lagerfeld concedeu à revista Veja uma interessante entrevista publicada nas Páginas Amarelas da edição do dia 27 de fevereiro na qual apresenta uma verdadeira lição de gestão de carreira, auto-conhecimento e orgulho de sua profissão, mas ao mesmo tempo é humilde, a ponto de reconhecer que é preciso se manter curioso e informado sempre, isto vindo de alguém que há 30 anos trabalha para uma das marcas mais conceituadas na área do luxo e da moda no mundo como a Chanel.
É louvável ver um gênio deste quilate estar aberto para o conhecimento, querer aprender, mesmo atuando há tanto tempo num mesmo mercado. Frequentemente ouvimos profissionais dizendo que resolvem problemas da mesma forma que faziam há cinco, dez anos. Ora, isto é um anacronismo, é tentar resolver problemas atuais com a mesma tecnologia utilizada quando foram criados, por exemplo, não dá. A única coisa que funciona durante tanto tempo é a receita de uma torta ou de um bolo de nossa avó, mas no mundo corporativo, sempre em mudança, as pessoas precisam de atualização ou reciclagem, saber o que está acontecendo, o que mudou e como isto afeta o ambiente no qual atuam, mas há que se ter cautela, não se pode simplesmente desconstruir o passado.
Lagerfeld é visionário, contemporâneo, mesmo quando faz uma releitura do clássico design da Chanel. Com seu olhar sofisticado e inovador, causou uma revolução na comportada linha francesa, mas não a descaracterizou, porque, brilhante como é, sabe que o conhecimento não se perde ao longo do caminho. No entanto, ele a rejuvenesceu, porque o bom sempre pode ser melhorado, aperfeiçoado. É fantástico ver como sua habilidade e paixão em trabalhar com algo que foi criado há tantos anos, ajudou esta empresa a ser uma das marcas mais desejadas do mundo até hoje.
Mas não nos enganemos. Até para subverter um padrão antigo precisamos compreender todas as suas reentrâncias e saliências e somente então, com as devidas credenciais, mudá-lo. De novo, pensando no mercado de trabalho, nos deparamos às vezes com gestores que, munidos de uma caneta e sentados na cadeira de chefe na nova empresa resolvem criar uma revolução. Quando perguntados sobre seus planos, ingenuamente respondem: “Queremos mudar tudo, nada será como antes”. Como assim? Mudar o que? E o que está funcionando, como fica? Como mudar algo sem visualizar o impacto que isto terá nas equipes, nos colaboradores, na política e cultura da empresa? E desde quando, mudar é imperativo? E quando mudar tudo, sem analisar o cenário atual, se tornou sinal de sabedoria? É como extrair um dente, ao invés de tratá-lo – mais rápido, porém irrevogável, definitivo, radical.
Diferente daqueles que se acham os melhores do mundo e assim nada precisam aprender, Lagerfeld se mantem aberto para o novo, não desvalorizando o antigo, o que veio antes, a experiência acumulada de mentes criativas e brilhantes, mas a gente pode, sim, dar ao passado um novo olhar, reescrever sua história com respeito. O moderno é fascinante, mas o antigo é mágico e com mágica não se brinca.
Uma frase atribuída a Max Gehringer afirma que “a grande mágica da vida de uma pessoa de sucesso é transformar algo ordinário em algo extraordinário”. O Kaiser, neste aspecto, é realmente extraordinário.

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